O cenário das vinícolas no sul do Brasil já se tornou palco da aguardada colheita das uvas da safra 2024, marcando o início de um novo ciclo para a vitivinicultura brasileira.
Em meio a desafios climáticos que caracterizam a atual temporada, os vitivinicultores do Rio Grande do Sul enfrentam um verdadeiro teste de habilidade e conhecimento para garantir a excelência na produção de vinhos.
Diferentemente dos anos anteriores, nos quais condições climáticas favoráveis contribuíram para colheitas robustas e vinhos excepcionais, a safra de 2024 se depara com a influência do El Niño, trazendo consigo um regime de chuvas intenso e prolongado.
Ricardo Morari, enólogo e presidente da Associação Brasileira de Enologia, destaca a necessidade de um manejo cuidadoso nos vinhedos para assegurar a qualidade das uvas, mesmo diante de uma possível redução na produção.
A safra por aqui começou 15 dias mais cedo do que de costume, com a colheita da Chardonnay, que nós esperávamos que pudesse ficar ainda mais alguns dias no vinhedo, mas colhemos mesmo assim, pois a escolha deve ser sempre pela sanidade da uva”, compartilha Guilherme Fornasier, enólogo da Vinícola Terraças, na Serra Gaúcha.
Ele ressalta a importância do cuidado meticuloso nos vinhedos, adaptando-se a condições climáticas desafiadoras que favorecem o surgimento de doenças fúngicas.
Apesar das adversidades, há otimismo e determinação entre os produtores. Algumas vinícolas, como a de Jorge Fin, localizada no oeste do RS, na região das Missões, enfrentaram uma quebra significativa na produção, mas persistem na busca pela qualidade.
Fin relata que amigos na Serra Gaúcha também tiveram desafios semelhantes. A híbrida Lorena e a uva Viognier, que resistiram bravamente aos caprichos climáticos, prometem uma safra promissora.
Ainda que o volume de uvas deva sofrer uma redução, os enólogos expressam confiança na capacidade do Rio Grande do Sul em produzir vinhos sadios e longevos.
Guilherme Fornasier especula sobre possíveis nuances nos vinhos deste ano, apontando para uma menor carga aromática nos brancos e talvez uma diminuição no teor alcoólico.
Ricardo Morari enfatiza que em anos desafiadores como este, a expertise acumulada ao longo de décadas é posta à prova, destacando a resiliência da vitivinicultura brasileira.
À medida que os primeiros cachos de uvas chegam às vinícolas, a expectativa é que os produtores enfrentem com maestria os desafios impostos pelo clima, consolidando a posição do Brasil no mapa mundial dos vinhos de qualidade.
A safra de 2024 se apresenta não apenas como um período de colheita, mas como uma celebração da perseverança e do talento dos vitivinicultores brasileiros.