ProWine São Paulo destaca crescimento recorde do setor e desafios para o futuro do mercado nacional
O Brasil consolidou sua posição como o maior importador de vinhos e espumantes da América Latina, movimentando US$ 518 milhões em 2024, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. O destaque foi apresentado durante o Adega Ideal, congresso realizado no último dia 27 de fevereiro, em São Paulo, que reuniu especialistas do setor para analisar as tendências e desafios do mercado.
Enquanto países europeus enfrentam queda no consumo e a Ásia encara desafios econômicos, a América Latina se tornou um dos mercados mais promissores para exportadores de vinho, com um crescimento regional de 8%. A República Dominicana liderou a expansão, com um salto de 20% nas importações, seguida pelo Brasil, que segue como o maior destino dos rótulos estrangeiros na região.
O Brasil no Radar dos Produtores Internacionais
O Brasil vem chamando a atenção dos principais exportadores globais, tornando-se um destino estratégico para investimentos de produtores e associações internacionais. No entanto, como destacou Christian Burgos, CEO da Revista Adega e diretor da ProWine São Paulo, o interesse no mercado brasileiro não garante retorno imediato para todas as marcas que apostam no país.
“Muitos produtores questionam se vale a pena investir no Brasil e, quando pergunto por que estão direcionando tantos recursos para cá, a resposta é simples: ‘Não há outro lugar para colocar’”, afirma Burgos.
Além disso, há uma forte presença de investimentos institucionais, especialmente de ONGs e associações europeias, que financiam ações de marketing para promover o consumo de vinho no Brasil. Essa estratégia desonera importadores e amplia o alcance dos vinhos estrangeiros no mercado nacional.
O Novo Perfil do Consumo de Vinhos no Brasil
O estudo apresentado no evento mostrou que, apesar do crescimento nas importações, o varejo brasileiro passa por uma transição, com maior controle de estoques e reconfiguração das estratégias de precificação. O mercado nacional movimentou cerca de R$ 19 bilhões em 2023, o equivalente a 0,2% do PIB brasileiro.
O consumidor também está mudando: o vinho de mesa continua sendo a opção mais acessível, mas há um movimento de valorização dos rótulos de entrada, que têm se reposicionado como produtos premium. Atualmente, 60% do mercado de vinhos importados no Brasil é representado por rótulos de alto valor, com preço médio de R$ 53,70. No autosserviço, esse valor cai para R$ 36,00.
Outro dado relevante é o crescimento expressivo do espumante brasileiro, que saltou de 25 para 37 milhões de litros nos últimos anos, consolidando-se como um dos segmentos mais promissores do setor.
Principais Destaques do Setor em 2024
📌 Brasil e México lideram as importações de vinho na América Latina, respondendo por 42% e 26% do mercado, respectivamente.
📌 O Chile ampliou sua participação no Brasil, crescendo 16% em volume e conquistando 35% do mercado de vinhos importados.
📌 Itália e Portugal também apresentaram desempenho positivo, com aumento de 10% e 9% nas importações, respectivamente.
📌 O consumo de espumantes no Brasil segue em alta, registrando um crescimento de 2% em relação a 2023 e um aumento de quase 40% desde 2019.
📌 O Brasil atingiu um recorde histórico de importação de vinhos, totalizando 17,7 milhões de caixas de 9 litros em 2024.
O Futuro do Mercado de Vinhos no Brasil
O Brasil segue como um mercado-chave para o setor vinícola global, mas o crescimento sustentável dependerá de estratégias inteligentes. A expansão da distribuição dos vinhos nacionais para canais especializados, como restaurantes e lojas de alto padrão, será fundamental para garantir maior valorização dos produtos locais.
Enquanto isso, a presença dos vinhos importados segue firme, impulsionada pelo forte apelo das marcas internacionais, estratégias agressivas de marketing e mudanças no perfil de consumo. Com um mercado cada vez mais profissionalizado e exigente, o setor deve passar por uma nova fase de consolidação, trazendo desafios e oportunidades para produtores, importadores e distribuidores.
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